As “pessoas boas” são também as “pessoas más”. Ser bom ou ser mau não depende da natureza do indivíduo, mas sim do quanto ele se sente ameaçado psiquicamente por seu ambiente.
É comum que as pessoas classifiquem umas as outras como sendo “boas pessoas” ou “más pessoas”, mas, de fato, esse julgamento entre bom e mau é infantil se considerarmos a imensa variedade de personalidades existentes e todas as defesas e limites da personalidade humana.
Todos nós temos sentimentos pouco nobres que podem ou não surgir, à medida da nossa necessidade. Assim como os sentimentos mais nobres e aceitos socialmente são sempre reforçados e acompanhados por ganhos que podem ou não valer a pena.
O fato é que todos nós, seres humanos, temos a mesma essência, e ser julgado por uma atitude isolada ou por critérios simples como bom x mau, é reduzir demais a capacidade humana de ser complexa, antagônica e dinâmica.
Todos nós somos capazes de ações impensáveis à medida que passamos por ameaças psíquicas, pois temos a tendência natural de sobreviver e proteger nosso ego.
Qualquer tipo de julgamento é ineficaz nesse sentido, pois nunca sabemos como é ser o outro, nas condições do outro, com os problemas do outro. Ser nós mesmos já nos é bastante desafiador!
Sugestões de leituras sobre o tema:
Foucault, Michel. Vigiar e punir. Leya, 2014.
de La Taille, Yves. Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas. Artmed Editora, 2007.
Piaget, Jean, Yara Schramm, and Elzon Lenardon. O julgamento moral na criança. Editora Mestre Jou, 1977.
Winnicott, Donald Woods. Privação e delinqüência. São Paulo: Martins Fontes, 1987.